Hoje em dia, a configuração da família está bastante mudada. Até uns cinqüenta anos atrás, o modelo de família era o mesmo de sempre, ou seja, composta de pai, mãe e filhos. Desde que as nações assumiram o direito de legislar sobre a família, apareceram o desquite, o divórcio, as uniões apenas de fins de semana, ou como dizia uma juíza de futebol, quando lhe perguntaram sobre sua relação amorosa: “nós estamos juntos apenas quando sentimos necessidade um do outro.
“Depois, cada um vai para a sua casa”. No fim, ela perguntava: “Não é assim que os artistas estão fazendo?”Há famílias que só têm o pai cuidando dos filhos; há famílias que só têm a mãe cuidando dos filhos. Há também aquele tipo de família em que um pai e uma mãe já se casaram várias vezes e dessas uniões surgiram vários filhos que se vão juntando num mesmo lar.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, “Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimônio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, «de modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes: “sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1,28).
O mesmo Catecismo diz mais: “A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: “O que Deus uniu não o separe o homem” (Mc 10,9).
A Sagrada Família de Nazaré. É uma família tradicional, formada por um pai, José; por uma mãe, Maria; e por um Filho, Jesus. O evangelho é tirado de Lucas 2,41-52.
Trata-se de um evangelho cheio de significados. Mas o principal fato é que a família de Nazaré foi a Jerusalém para a festa da páscoa. Jesus tinha 12 anos. Ele foi ao Templo para fazer a festa do Bar Mitzvah, ou seja, para se tornar Filho do Preceito.
A partir daquele momento, Jesus se tornaria capaz de conduzir a sua fé, falar na sinagoga, exprimir seus pensamentos.Após os festejos pascais, eles voltaram para Nazaré. José imaginou que Jesus estivesse com Maria e Maria pensou que Jesus estivesse com José.
Só ao chegarem a Nazaré é que eles perceberam o engano.
Correram de volta a Jerusalém em busca do filho.
Já desolados de tanta procura, eles foram informados de que Jesus se encontrava no Templo, conversando com os doutores da Lei.Quando o viram, Maria logo lhe perguntou: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”.Segundo Lucas, eles não compreenderam as palavras que lhes dissera. Porém, Jesus retornou com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.O Documento de Aparecida reafirma que “a família é a primeira e mais básica comunidade eclesial. Nela se vivem e se transmitem os valores fundamentais da vida cristã, ela se chama Igreja doméstica” (204). Sua missão se realiza no mundo (210), tendo como primeiro apostolado, viver como família. Isto está acima de práticas espirituais e atividades pastorais, que não deixam de ser importantes. “A família constitui um dos tesouros mais valiosos dos povos latino-americanos” (204). Jesus vai ao templo, a casa do Pai (Lc 2,49) pela qual Ele tem grande zelo (Jo 2,17). Mas o lugar de seu crescimento em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc 9,52). Este crescimento acontece dentro de sua casa, na sua família. Do mesmo modo, o lugar de viver a vida cristã é dentro da família, onde praticamos as virtudes fundamentais de vida cristã em comunidade, sintetizadas no amor. Isto constitui a Igreja doméstica na qual Jesus cresceu. Somos preocupados com a prática religiosa e não nos incomodamos com a vida das famílias.A família está em crise, ou é um modelo já superado? Sem dúvida a família é a célula base da Igreja e da sociedade, mas está a passar por uma transformação profunda. Na Família do passado, primava a relação vertical: uma instituição fechada, de cunho patriarcal.O pai detinha a autoridade e era responsável pela parte econômica; a mãe atendia aos afazeres domésticos e cuidava dos filhos; Os filhos estavam submetidos à autoridade paterna. Dava-se muito valor à autoridade.Na família do presente, as relações são horizontais. Dá-se preferência ao diálogo, à corresponsabilidade, à igualdade, ao companheirismo e à amizade entre marido e esposa, entre pais e filhos.Porém, há muitos perigos que pairam sobre as famílias: o adultério; a poligamia, porque estão em contradição com a igual dignidade do homem e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal; a rejeição da fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o divórcio, que se opõe à indissolubilidade.A Igreja propõe algumas atitudes com relação à família, a exemplo da sagrada família de Nazaré. Entre elas, podemos citar a comunhão interpessoal de Amor e de Vida. Não um amor qualquer, mas um amor fiel, único, exclusivo e para sempre. Os filhos não são vistos como propriedade ou bens adquiridos, mas como vida e prolongamento vital de um amor pessoal, que educa e orienta para a liberdade responsável. Segundo João Paulo II, a “A família é a fonte da vida e o berço da fé”.Por isso, a proposta para as famílias é seguirem o exemplo de José, Maria e Jesus. E hoje somos convidados a rezar pelas famílias cujos filhos estão desaparecidos. Que o Senhor possa ajudá-las a encontrá-los. Se isso não for possível, que Ele se coloque no lugar daqueles que as famílias amam e que não mais poderão ver.A Família de Nazaré é modelo de nossas famílias. Nas dificuldades ela ensina a procurar Jesus. Jesus aos 12 anos vai com o pai e a mãe a Jerusalém. Aos 12 anos é um adulto, Maria e José não só o procuraram no templo, mas procuraram encontrá-lo em sua normalidade humana-divina. Penso que em Nazaré sua vida era um contínuo buscar Jesus. Nós, em nossa frágil existência humana, continuamos procurando Jesus, fazendo-o crescer, em nós, em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc. 2,52). Maria é modelo da escuta da palavra: “Ela conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração”. Os acontecimentos da vida devem ser curtidos no coração, no altar de Deus que está dentro de nós. Creio que devemos amar muito Maria e José com o Menino, mas é preciso tirá-los um pouco do altar florido e conhecê-los no altar do dia a dia de Nazaré (Santuário de Aparecida).
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